Alcoólicos Anônimos intensifica apoio com ação no Centro de Natal
- 91 FM NATAL
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Nesta terça-feira (10), o Escritório de Serviços Locais (ESL) de Alcoólicos Anônimos do Rio Grande do Norte promoveu uma ação de panfletagem e exposição no centro de Natal para marcar os 90 anos da fundação do Alcoólicos Anônimos (A.A). A atividade, intitulada “A.A. na Rua e na Mídia”, teve como objetivo principal divulgar a presença da Irmandade no Estado e ampliar o conhecimento da população sobre o alcoolismo como doença e sobre as possibilidades de recuperação por meio dos grupos de ajuda mútua.
“O objetivo é divulgar a Irmandade de Alcoólicos Anônimos aqui em Natal, porque ainda tem muita gente que não sabe que A.A. existe aqui”, afirmou F.A., de 58 anos, um dos membros do movimento, que está há 34 anos sem consumir bebidas alcoólicas. Segundo ele, as reuniões são centradas em depoimentos pessoais, numa metodologia que permite a identificação mútua entre os participantes. “Usamos o nosso testemunho para que as pessoas se identifiquem e compreendam que há um caminho para a cura. Temos algumas ferramentas básicas para a nossa recuperação, que são os 12 passos. O primeiro passo é admitir e aceitar que sou impotente perante o álcool”, explica.
Contudo, ele ressalta que esse passo é o mais difícil, o da aceitação do problema, mas orienta que a dependência do álcool pode ser reconhecida por sinais e sintomas característicos, como a incapacidade de reduzir ou controlar o consumo, o uso contínuo. Os sinais de alerta passam pelas doenças que o álcool pode causar no organismo do indivíduo e se estendem ao comprometimento das relações pessoais, afetando os relacionamentos com a família, amigos, o rendimento no trabalho, nos estudos e a vida financeira.
A recuperação é um processo contínuo e o suporte pode fazer diferença para quem enfrenta essa condição e no A.A. se enfatiza a recuperação gradual, dia a dia, de um dia para o outro. “Não é uma questão de parar de beber e sair do grupo. Eu preciso estar frequentando para me manter sóbrio”, ressalta.
O alcoolismo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), é uma doença que atinge cerca de 10% da população. Os impactos ultrapassam os problemas físicos, afetando relações familiares, desempenho no trabalho, estudos e finanças. No Brasil, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) revelou um estudo, no final do ano passado, apontando que o álcool foi responsável por 104,8 mil mortes no Brasil em 2019, uma média de 12 óbitos por hora.
Apesar da gravidade dos dados, F.A. destaca que muitas pessoas ainda não sabem como buscar ajuda. “Temos grupos espalhados por toda Natal e por todo o Estado. Também oferecemos grupos online. Quem quiser ajuda pode ligar para nossas linhas de apoio e será atendido por um companheiro que indicará o grupo mais próximo”, explica.
O A.A. funciona com base no anonimato de seus membros e em princípios de voluntariado. A participação é gratuita, e não há exigência de vínculo religioso ou diagnóstico médico para ingressar. Também não há distinção de gênero, sendo aceita qualquer pessoa que precise de ajuda. “Eu entrei com 24 anos, e até hoje estou aqui. Não só para ajudar os outros, mas para me ajudar. Essa irmandade me salvou”, conclui F.A.
O A.A. nasceu em 1935, nos Estados Unidos, e atualmente está presente em mais de 190 países. No Brasil, são cerca de 5 mil grupos em funcionamento. No Rio Grande do Norte, o primeiro grupo surgiu em 1975, na cidade de Caicó. Hoje, a chamada “Área 13”, que abrange todo o estado e parte do Ceará, conta com 80 grupos, com reuniões presenciais e também virtuais. Em Natal, o grupo pioneiro é o Grupo Natal, localizado na Praça Padre João Maria.
Para saber mais sobre os grupos de A.A. no RN, basta acessar o site oficial da Irmandade (www.aarn.org.br) ou entrar em contato por telefone (3221-2777 // 98721-2777), mantendo sempre o sigilo e o respeito às histórias de vida de quem busca ajuda.
TRIBUNA DO NORTE
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