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Vacina seguirá necessária para conter a covid-19

  • Foto do escritor: Marcelo Furtado
    Marcelo Furtado
  • 8 de mai. de 2023
  • 5 min de leitura

O anúncio feito pela Organização Mundial da Saúde (OMS) de que chegou ao fim a emergência global causada pela covid-19 veio acompanhado de um alerta específico: a pandemia não acabou. A decisão, segundo o diretor-executivo da OMS, Michael Ryan, significa que hoje a doença representa “um nível muito menor” de ameaça e mortes. Especialistas ouvidos pela TRIBUNA DO NORTE afirmam que, apesar da mudança, os cuidados para o controle da infecção continuam e a vacinação seguirá como a principal estratégia. Até a última sexta-feira (5), 141.277 doses da vacina bivalente haviam sido aplicadas no Rio Grande do Norte.



Vacinação contra a covid-19 continuará necessária / Alex Régis


O imunologista Leonardo Lima, pesquisador do Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde (LAIS/UFRN), destacou que os imunizantes são a principal e mais efetiva medida para combater os casos críticos de covid-19. A bivalente, segundo ele, é uma atualização da vacina original, desenvolvida especialmente para a variante Ômicron. “Contudo, todas as vacinas são igualmente capazes de reduzir casos graves. A bivalente é mais efetiva considerando os casos de infecção pela Ômicron, que é a principal linhagem no mundo hoje”, explicou.

Segundo o Ministério da Saúde, pode tomar a dose bivalente toda a população acima dos 18 anos que recebeu, pelo menos, duas aplicações de vacinas monovalentes (CoronaVac, AstraZeneca ou Pfizer) no esquema primário ou reforço. A dose mais recente deve ter sido tomada há quatro meses. Quem está com a imunização em atraso, também pode procurar as unidades de saúde.

No Rio Grande do Norte, de acordo com dados da plataforma RN + Vacina da sexta-feira, 3.053.305 (96,16% da população total) pessoas receberam a primeira dose (D1) ou dose única (DU); 2.805.543 (88,33% do total) tomaram a D2 ou DU; 2.039.578 (64% do total) tomaram a D3 e 840.089 (26,41% de toda a população do Estado) receberam a D4. As duas últimas doses são aplicadas como reforço. O objetivo do Ministério da Saúde é atingir 90% da população a cada dose. No Estado, a meta foi alcançada apenas com a D1.

A redução dos índices ao passo em que o processo de vacinação avança para os reforços têm a ver, de acordo com o imunologista Leonardo Lima, com uma maior sensação de proteção da população relacionada à doença. O especialista, ressalta, no entanto, que é preciso um esforço para que a população não deixe de se vacinar.

“Os dados do RN são muito semelhantes aos de todo o Brasil e refletem um cenário de conforto que nós obtivemos à medida que a vacinação avançou. Por isso, a gente observa claramente uma diferença entre quem recebeu a D1 e a D4. A população viu a redução dos riscos da doença e foi negligenciando as outras doses. Por isso é preciso reforçar sempre a necessidade da vacinação”, disse Lima.

O infectologista Igor Thiago também destacou a importância da continuidade da imunização para evitar as complicações da covid, especialmente em função do surgimento de variantes. “A proteção oferecida pelas vacinas monovalentes, que era de 95%, caiu para cerca de 70% ou 60% com a Ômicron, mas é recuperada com a bivalente. Por isso, é importante se imunizar com ela para melhorar essa proteção original”, esclarece o médico.

Esta semana, a circulação de uma nova cepa, a Arcturus (XBB.1.16), foi detectada no Brasil. A linhagem foi identificada pela primeira vez na Índia e já está presente em, pelo menos, 40 países. O imunologista Leonardo Lima, do Lais/UFRN, disse que ainda é cedo para dizer o grau de eficácia da bivalente em relação à nova variante. “Não há nenhum estudo ainda que possa medir a eficiência da cepa sobre a nova linhagem, porque a descoberta é muito recentemente e esses estudo demoram algum tempo”, falou.


Metas de vacinação

Até a última sexta-feira, a capital potiguar não havia conseguido atingir, em nenhuma das quatro doses da vacinação, a meta estabelecida pelo Ministério da Saúde. Natal foi a primeira cidade do Estado a começar a imunizar contra a covid-19, em janeiro de 2021, há pouco mais de dois anos. Os dados do RN + Vacina extraídos na sexta apontam um melhor cenário para a aplicação da D1, com 86% dos natalenses vacinados.


Eram 771.857 pessoas imunizadas com a primeira dose; com a D2, eram 709.761 vacinados (79% da população total); 511.233 (57%) receberam a D3; e 219.333 haviam tomado a D4. Conforme os dados, 37.573 doses da bivalente tinham sido aplicadas. O público-alvo dos 18 aos 59 anos é o que apresenta os melhores índices de imunização: 94% (532.145) pessoas tinham recebido a D1 até a sexta-feira; 89% (502.450) estavam vacinados com a D2; 63% (359.842) tinha tomado a D3; e 144.052 (25%) haviam recebido a quarta dose.

Como forma de chamar atenção para o processo de imunização, a SMS promoveu neste sábado (6), o “Dia D do Vacinando com Natal”. O objetivo foi intensificar o nível de imunização.


Foram disponibilizados os imunizantes contra covid-19, adulto e infantil, catapora, sarampo, caxumba, e rubéola (Tríplice Viral), poliomielite, meningites, pneumonia, hepatites A e B, febre amarela e Influenza. As vacinas para a covid seguem disponíveis nas UBS e também em pontos extras, como os shoppings Midway Mall, Via Direta e Partage Norte.


Ações de combate podem ser programadas


O infectologista Igor Thiago faz coro à afirmação da Organização Mundial da Saúde de que, mesmo com o anúncio do fim da chamada Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional (ESPII), a pandemia continua. De acordo com ele, a decisão da OMS tem a ver com a maneira como os processos e medidas para o combate à infecção pelo coronavírus vão ocorrer daqui para a frente. “Agora as ações de combate à covid-19 podem ser programadas, a exemplo do que acontece com as outras doenças. Com o avanço da vacinação e a redução da gravidade de casos, a OMS tira o alerta máximo de emergência, mas a pandemia continua no mundo todo, só que não em níveis alarmantes como foi visto no auge da crise sanitária”, pontua o médico. As medidas de prevenção, segundo ele, precisam permanecer, até como forma de evitar outras doenças. “Crianças do mundo inteiro aprenderam a higienizar as mãos e a usar máscara, por exemplo. Em épocas chuvosas como agora, se as pessoas utilizarem as mesmas medidas que utilizavam para a covid, a tendência é controlar mais facilmente a influenza e outros problemas respiratórios. Isso foi um ganho que ficou para humanidade”, afirma. Para o imunologista Leonardo Lima, há duas lições importantes que devem ficar para os brasileiros: “A primeira é para a população, que deve continuar buscando a imunização como a principal estratégia de prevenção e a segunda é para os gestores, profissionais de saúde e cientistas, que pensam nas campanhas de imunização. A vigilância genômica, de atenção aos vírus que estão circulando é muito importante para antecipar as vacinas que precisarão ser administradas daqui a dois, três anos. E esse tipo de vigilância é uma carência grande no Brasil”, conclui. No RN, de acordo com o boletim semanal da Secretaria de Estado de Saúde Pública, divulgado na última segunda-feira (2), haviam sido registrados 588.757 casos da doença e 8.782 mortes pela covid-19. A crise sanitária chegou ao Estado em março de 2020. No final daquele mesmo mês, ocorreu a primeira morte provocada pela infecção. A vítima foi o professor universitário Luiz Di Souza, de 61 anos.




Com informações da Tribuna do Norte.

 
 
 

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