Uma cratera aberta há mais de um mês em uma parte do calçadão de Ponta Negra vem causando transtornos para moradores, turistas e comerciantes. O trecho fica próximo à Feirinha de Artesanato, na Avenida Engenheiro Roberto Freire, e cedeu após fortes chuvas que caíram em Natal, em 18 de março. As obras de recuperação do calçadão foram iniciadas na última segunda-feira (24) e a expectativa é de que a intervenção demore pelo menos 60 dias, de acordo com a empresa designada para o serviço pelo Departamento de Estradas e Rodagens do Rio Grande do Norte (DER-RN).
Cratera foi aberta após chuvas que caíram em Natal no dia 18 de março. Obra é do DER, pois se trata de rodovia estadual / Magnus Nascimento
Com a área isolada, os pedestres que precisam passar pelo local acabam se arriscando em meio ao tráfego de veículos para desviar do buraco. A massoterapeuta Muara Medeiros reclama da demora para o início das obras. “Trabalho por aqui e já faz um tempo que aconteceu, mas só agora que a obra começou. Para nossa segurança é muito ruim porque a gente tem que descer da calçada e passar perto dos carros. Isso é ruim em todos os aspectos porque nossa cidade é uma cidade turística e isso acaba afetando o turista e prejudica o nosso trabalho também”, conta.
O comércio também sofre impactos significativos com o desabamento da estrutura. Isso porque o calçadão fica na frente de um espaço de alimentação com sete estabelecimentos. O Food Park, área com trailers e food trucks na orla de Ponta Negra, administrado pela empresária Jeanne Axé, está com o funcionamento comprometido desde o deslizamento. Dos sete empreendimentos que funcionam no espaço, conhecido por ser um point de alimentação de turistas, cinco tiveram que fechar por causa do incidente.
“Eles tiveram que fechar porque a água entrou embaixo dos trailers e comprometeu o solo, então ficamos com medo. Os comerciantes preferiram fechar, mas eles falam bastante conosco dizendo que estão passando dificuldades, afinal já faz mais de um mês que isso aconteceu. A gente até gostaria de um apoio do Governo do Estado ou da Prefeitura porque isso aqui vai durar ainda uns dois meses, mas o pessoal precisa trabalhar. Isso prejudica bastante a gente, o comerciante e também o turista”, relata Jeanne.
O problema tem afastado os turistas da região, complementa a empresária. “Os dois [trailers] que ainda estão funcionando também estão com dificuldades porque o acesso está restrito, as pessoas precisam arrodear para entrar. Sem falar que o próprio buraco, no meio de um cartão-postal atrapalha muito”, desabafa. O mato-grossense Daniel de Freitas, que está visitando Natal pela primeira vez se incomodou com a situação. Ele foi um dos que precisou caminhar entre os carros para desviar do buraco.
“É uma coisa que precisa ser reformada rapidamente porque é o lugar do pedestre e do turista caminhar. Aqui é um lugar muito bonito, turístico, então é preciso cuidar”, afirma. A turista paulistana Carla Ruys também reclamou. “É minha primeira vez em Natal e a gente se incomoda mesmo. Causa um incômodo para a gente que está passando por aqui, justamente por ser um local tão bonito, mas pelo menos, nós estamos vendo que estão consertando. Isso é mais importante”, comenta.
Logo após a erosão, profissionais da Defesa Civil do município e da Secretaria Municipal de Infraestrutura de Natal (Seinfra) isolaram e sinalizaram o local. As equipes contaram com a ajuda dos próprios comerciantes e moradores da região, que fizeram barricadas para evitar que a lama invadisse imóveis localizados na parte mais baixa da área. A obra de recuperação do calçadão é tocada pelo DER, uma vez que margeia uma avenida estadual (RN-063).
A estimativa é de que a intervenção dure dois meses, a depender das condições climáticas da capital, afirma uma das responsáveis pela obra. “Esperamos fazer em menos tempo, mas tudo vai depender do clima. A gente torce para que não ocorram chuvas fortes nesse período, mas quem manda no tempo é Deus. Até por isso, às vezes acontece uma coisa dessas e a gente não pode agir de imediato por causa do tempo. Não parou de chover. A gente só pede um pouco de compreensão da população porque é difícil trabalhar nessas condições”, detalha.
A engenheira do projeto explica que desabamento é resultado de anos de acúmulo de lixo em sistemas antigos de drenagem. “Houve uma erosão, os prédios foram sendo construídos, aumentando o volume de água e ali tem uma boca de lobo, que as pessoas colocam lixo. Não deu sustentabilidade. As pessoas vão construindo, descalçando e vai havendo infiltração no pavimento, juntando com o volume de chuva inesperado houve essa erosão”, explica.
Com informações da Tribuna do Norte.
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