As obras do viaduto e da trincheira que serão edificadas no cruzamento da avenida Hermes da Fonseca e Alexandrino de Alencar, no Tirol, deverão começar ainda neste semestre, segundo previsões da Prefeitura do Natal. Isso porque o Executivo publicou no último dia 24 de abril no Diário Oficial do Município (DOM) o resultado da licitação do empreendimento, vencido pela empresa Potiguar Locações e Eventos Eireli, que teve proposta vencedora de R$ 24,2 milhões. A obra é alvo de críticas de moradores e empresários com negócios na região, mas a Prefeitura deverá seguir o cronograma e os projetos.

A Secretaria de Mobilidade vai anunciar em breve os desvios a serem usados durante a obra / Magnus Nascimento
A trincheira, uma espécie de túnel viário, deve ter suas obras executadas em cerca de nove meses. O empreendimento terá verbas oriundas do Ministério de Desenvolvimento Regional (MDR), com contrapartida da prefeitura em R$ 88 mil. “O processo agora está com a Seinfra para cumprir trâmites de registro para poder vir para a STTU. Só após isso daremos um prazo, mas a expectativa é começarmos ainda no primeiro semestre”, explica Newton Filho, Diretor do Departamento de Planejamento da Secretaria de Mobilidade Urbana de Natal (STTU).
A obra foi anunciada há praticamente um ano pela STTU. O túnel passará “por dentro” do cruzamento entre a avenida Hermes da Fonseca e Alexandrino de Alencar. O motorista que vem pela Alexandrino passará por baixo da Salgado Filho para seguir pela via, sem semáforos. A ideia, segundo a STTU, é destravar o cruzamento, principalmente para quem vem da Hermes da Fonseca no sentido Arena das Dunas e vice-versa. O semáforo atual, de três tempos, será substituído por um semáforo de pedestres.
Segundo Newton Filho, os estudos contratados pela Prefeitura do Natal indicaram que a obra possa absorver o fluxo de veículos pelos próximos dez anos. Representantes da pasta justificam ainda que a execução da trincheira vai permitir uma melhor vazão do tráfego entre os bairros das zonas Sul e Leste da capital.
“Estudos que foram feitos apresentaram vários pontos críticos na Hermes/Salgado Filho. Existe uma formação de retenção histórica naquele trecho que prejudica muito o movimento para Nova Descoberta/Morro Branco, que é uma região com acesso limitado. As únicas vias são pela Alexandrino, Antônio Basílio. É um cruzamento bastante demandado. A obra vem para aliviar essa questão dessa travessia”, cita.
A Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana (STTU) deverá anunciar, antes do início das obras, uma série de desvios para reduzir os transtornos no tráfego entre as avenidas Alexandrino de Alencar e Hermes da Fonseca.
Para quem vem dos bairros da zona Sul no sentido Centro/zona Norte, os veículos deverão acessar rua São José, binário criado com a Rua Jaguarari, sendo o acesso prioritário por meio da Avenida Jerônimo Câmara. Outra possibilidade de desvio seria as ruas da área militar do 16° Batalhão de Infantaria do Exército, mas a STTU não obteve autorização da União.
Já para quem trafega no sentido dos bairros da zona Leste para a região Sul/Parnamirim, os desvios da Hermes da Fonseca deverão serem acessados pela rua Alberto Maranhão e, em seguida, pegar as avenidas Romualdo Galvão, Prudente de Morais ou Jaguarari. Uma vez nessas rodovias, o motorista pode optar por entrar na Nevaldo Rocha, Antônio Basílio, Amintas Barros e assim sucessivamente para voltar para o fluxo.
Durante o período de obras, o transporte público coletivo contará com faixa exclusiva na Avenida Romualdo Galvão e Rua Alberto Silva.
Com as obras prestes a serem iniciadas, empresários e moradores das imediações da Hermes da Fonseca/Alexandrino já se mostraram contrários à realização da obra. Para esses interlocutores, a trincheira trará prejuízos ao longo de sua execução e depois de pronta, prejudicando acessibilidade ao comércio e moradia da região.
“Vai ser horrível, porque aqui não tem esse congestionamento todo para ter um viaduto aqui. Acho que deveria ser em frente ao Midway. Isso vai impactar não só no meu, mas em todos os comércios. No hotel, nessa área executiva” aponta Edna Moura, 44 anos, dona de uma quitanda de frutas na Alexandrino de Alencar há quatro anos .
As críticas são endossadas pelo síndico do Tirol Way, Sandro Pacheco, 56 anos. Ele conta que moradores e empresários da área chegaram a promover um abaixo-assinado e diálogos com a Prefeitura para buscar outras soluções, sem sucesso.
“A preocupação da gente é que aqui, por exemplo, temos dois prédios residenciais e a parte das salas comerciais. São 276 salas, empresas que têm seus funcionários e precisam de clientes. Imagine bloquear um cruzamento desses, como é que sobrevive? No condomínio, são 672 vagas de estacionamento. O fluxo aqui é grande. Essas pessoas vão ficar impedidas”, diz.
Acerca das críticas, Newton Filho, diretor do Departamento de Planejamento da Secretaria de Mobilidade Urbana de Natal (STTU), disse que “nunca há convergência” e que as divergências são “naturais”. “Isso é algo recorrente na cidade, não há unanimidade nas decisões do município quando vamos consultar as pessoas. Vamos seguir com o cronograma”, completa.
O professor da UFRN, Rubens Ramos, cita “que não existe problema de capacidade de tráfego” no trecho que receberá a intervenção. “Não há nesse ponto a menor necessidade de uma intervenção desse tipo e a melhor solução já está no local, os semáforos. O congestionamento que existe se deve não a este cruzamento, mas ao corredor Salgado Filho adiante, até a Amintas Barros”, avalia.
O professor diz ainda que a justificativa para obra ser a absorção do aumento no fluxo de trânsito nos próximos anos “é uma especulação sem base estatística”.
Com informações da Tribuna do Norte.
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