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Número de óbitos por acidentes de moto cresce em Natal, diz STTU

  • Foto do escritor: Marcelo Furtado
    Marcelo Furtado
  • 3 de mai. de 2023
  • 4 min de leitura

Um levantamento da Secretaria de Mobilidade Urbana de Natal (STTU) mostra números preocupantes no trânsito em Natal. Segundo dados da pasta responsável pela gestão e monitoramento das vias na capital potiguar, 23 motociclistas morreram em 2022 em colisões e quedas, o que representa um aumento de 9,5% em comparação ao número registrado em 2021, quando 21 motociclistas morreram no trânsito. No registro acumulativo, 82 motociclistas morreram entre 2019 e 2023. Na manhã de terça (2), a STTU iniciou a campanha "No trânsito, escolha a vida", com o objetivo de diminuir o número de acidentes nas vias natalenses. A ação inaugural do movimento ocorreu entre as avenidas Nevaldo Rocha e Salgado Filho, no shopping Midway Mall.


Número de acidentes de moto tem crescido em todo o Brasil. Em Natal, STTU faz campanha de conscientização / Magnus Nascimento


A maioria dos acidentes de trânsito registrados nas últimas semanas envolvem motociclistas. Ainda de acordo com dados da pasta, a avenida Doutor João Medeiros Filho, uma das principais vias da zona Norte da capital, é a que possui a maior quantidade de óbitos registrados, com 15 ocorrências. Em segundo e terceiro lugar entre as vias locais, a Ponte Newton Navarro e a Avenida Engenheiro Roberto Freire registraram 8 e 6 mortes, respectivamente. Nos últimos 4 anos, 189 pessoas morreram devido à mesma situação, e destes, 157 eram homens.


No Hospital Walfredo Gurgel, cada vez mais, o número de motociclistas acidentados tomam os leitos e esperam por um parecer médico ou procedimento cirurgico. Natural da cidade de Ceará-Mirim, o entregador Neilton Costa relatou os detalhes de um acidente do qual se recupera a mais de um ano. Em abril do ano passado, Neilton trafegava por uma das vias no município da Grande Natal quando foi surpreendido por um cachorro, que invadiu a avenida.

O motociclista, tentou desviar, mas colidiu com o animal e após cair, teve a perna prensada entre o veículo e o asfalto. O acidente causou uma fratura exposta da tíbia. "Eu até pensei que a minha perna não tinha quebrado, mas quando eu tentei ficar de pé, senti uma dor muito grande", disse. Neilton precisou reforçar a tíbia com uma placa. Além disso, o comerciante levou 50 pontos na região ferida.


Semanas depois, o motociclista adquiriu uma infecção bacteriana no local cirurgiado, o que levou a um novo procedimento cirúrgico para trocar a placa. Em abril, Neilton voltou ao hospital e, após dias sob observação médica e uso de medicamentos, recebeu alta.

Questionado sobre o receio em voltar a pilotar, Neilton afirma que a gravidade do acidente não lhe causou traumas. Para ele, ser motociclista é uma escolha e necessidade "Não compensa comprar um carro para fazer entregas, e não compensa pagar uma pessoa para fazer isso. Eu iria ganhar pouco. Além disso, eu sempre gostei de motos. Desde que eu era pequeno".


No trânsito, tomar todos os cuidados individuais pode não ser suficiente se outros condutores não tiverem o mesmo pensamento. Motociclista que sofre com sequelas de uma acidente, Josemberg Alves, de 30 anos, sofreu um acidente após uma colisão. Ele relatou que, enquanto trafegava pelo bairro das Rocas em março deste ano, um motociclista alcoolizado colidiu contra a sua moto.

Com o impacto, Josemberg teve uma fratura platotibial exposta. Ele também relatou que precisou aguardar a chegada do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) por 50 minutos até ser socorrido. "Não foi falta de atenção, nem imprudência. A gente preza pela boa condução no trânsito, mas nem sempre a gente consegue evitar a irresponsabilidade dos outros. Eu colidi com a moto dele, mas a preferência era minha", relatou. Dias após a aplicação das placas ortopédicas, o motociclista sofreu uma infecção bacteriana e foi internado mais uma vez para tratar a doença. Agora, ele aguardará o resultado dos exames para saber se está recuperado ou não.


Campanha


Segundo a pedagoga da STTU, Luzia Fernandes, a campanha consiste em ações educativas nas instituições de ensino, além de interações lúdicas nas avenidas da capital. Durante o mês de maio, a pasta realizará mesas redondas, nos dias 17 e 24, com o público universitário sobre as consequências do alcool na direção. A STTU também abordará questões psicológicas no trânsito, como descontroles temperamentais (por parte dos condutores) que podem causar discussões, desatenções e acidentes.

"Os condutores precisam saber como lidar com as emoçoes negativas que surgem, causadas pelos problemas no trânsito. Um acidente de trânsito não acaba no asfalto. Muitas vezes, as consequências desses acidentes em dramas familiares e em consequências psicológicas, tanto para a família quanto a vítima. Além disso, podem chegar no sistema de saúde, quando há o excesso de acidentados e a inflação dos pacientes", disse. A palestra também contará com a participação de um técnico em enfermagem escolhido pelo Walfredo Gurgel, que relatará o quadro atual dos sistema de saúde e a falta de leitos causada pela alta quatidade de vítimas de colisões.


A educadora reforçou a intenção das ações. Ela afirma que a segurança no asfalto é uma responsabilidade delegada a todos, sejam pedestres ou motoristas. "Com tudo isso, nós queremos mostrar para a sociedade que as escolhas fazem toda a diferença no trânsito. As pessoas precisam escolher respeitar as leis de trânsito, e assim, podem colaborar para a redução de acidentes".


Segundo um levantamento do Ministério da Saúde, a taxa de internação de motociclistas passou de 3, 9 por 10 mil habitantes para 6,1 por 10 mil habitantes entre 2011 e 2021 – um aumento de 55%, considerando apenas a rede do Sistema Único de Saúde (SUS) e conveniados. Somente em 2021, o custo com esse tipo de internação chegou a R$ 167 milhões. Em 2020, as lesões de trânsito foram responsáveis por mais de 190 mil internações – dessas, cerca de 61% entre motociclistas.


Ainda de acordo com o boletim do Ministério da Saúde, as lesões de trânsito são um importante problema de saúde pública global, figurando entre as dez principais causas de morte em países de baixa e média renda e a sexta causa de Daly, da sigla em inglês Disability Adjusted Life Years, que significa anos de vida perdidos ajustados por incapacidade.

O número de mortes de motociclistas por lesões no trânsito apresentou estabilidade entre 2011 (11.485 óbitos) e 2021 (11.115 óbitos), assim como a taxa de mortalidade que, em 2011, foi de 5,8 por 100 mil habitantes e, em 2021, ficou em 5,7 por 100 mil habitantes.




Com informaçõe da Tribuna do Norte.

 
 
 

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